quarta-feira, 26 de junho de 2013

Só na Copa

Por que o Brasil para por um jogo de futebol da seleção brasileira e não faz o mesmo com as equipes nacionais de outros esportes? As outras modalidades são desvalorizadas? Ou o futebol que é supervalorizado? Ou os dois? E nós temos seleções destacadíssimas, como a de vôlei masculino, por exemplo, que já perdi as contas de quantas vezes foi campeã. No entanto num Brasil x Rússia de vôlei não há feriado municipal, o comércio não fecha mais cedo, o país não para.

Ainda aproveito a reflexão para questionar por que a maioria de nós só é patriota em época de Copa, e Copa de futebol! Se fosse uma Copa de basquete, de squash ou sei lá o quê, o patriotismo só seria visto nos locais de acontecimento das partidas. Só se estende a bandeira brasileira na janela ou na varanda, só se coloca a bandeirinha no carro, só se veste a camisa com a estampa da nossa bandeira nas Copas de futebol.

Foto acima: www.mundofacil.net. Foto abaixo: cortesdecabeloscurt.blogspot.com.br

Alguém vai me argumentar que isso é cultural. Nessa hora me lembro da professora e filósofa Sandra Helena, ao dizer que nunca escutou Chico Buarque em nenhum paredão de som. Que coisinha mais cultural, hein! E, cultural ou não, meu amigo, o que estou chamando à reflexão é o não patriotismo atemporal. Ou melhor, temporal, pois só ocorre em tempos de Copa.

Queria tanto ver essas bandeiras nos carros, camisas e janelas diariamente. Sem que a mídia endeusasse neymares ou taitianos, sem que fosse preciso haver campeonatos para nos lembrarmos de que é hora de sentir honra, orgulho ou privilégio de ser brasileiros.

Não estou dizendo para que se acabe com a Copa do mundo, o futebol ou assuntos afins. Só estou partilhando algumas questões que me deixam pensativa.

Acho massa sermos o País do futebol, do carnaval, do café. Mas poderíamos ter outros "títulos". Poderíamos ser o país dos cataventos nos altos dos prédios, o país da energia eólica, o país 100% alfabetizado, o país da igualdade social, o país com menores índices de violência ou de taxa de mortalidade infantil. O país dos economistas, quem sabe? O país com maior número de patentes de remédios? O país do trânsito respeitador, o país que exporta diplomatas. Ah, o país premiado e reconhecido mundialmente pelo respeito à natureza, por não cometer crimes ambientais, por viver sabendo preservar. Sei lá... tantos títulos lindos!

Já pensou em sermos mundialmente conhecidos pelos jardins de casas e prédios mais bem cuidados? Ou pelos muros baixos em todos os estabelecimentos, porque a segurança já atinge um ponto que não são necessários muros altos?

Depois da Copa vai tudo para o lixo?
Estou sonhando?! Estou sim. Mas quem disse que é impossível? Os países que chamamos de desenvolvidos, primeiro mundo, não surgiram assim. As civilizações pré-históricas habitaram o globo quando nem o fogo nem a roda existiam.

Então, que é possível, é sim!
Quem vai promover essa mudança? Nós! E não é só fazendo protesto nas ruas não.

Ah, e se o Brasil perder? Acabou a honra de ser brasileiro por isso?
As bandeiras vão para as gavetas e fim?

Marília Pedroza
26 de junho de 2013