terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Mandela e a esperança

"Apagou-se uma luz. Hoje, ficamos mais pobres. Adeus Mandela"                                 Manoel Ivan Pedroza, 05 de dezembro de 2013

Hoje, 10 de dezembro, houve uma grande homenagem ao líder africano no estádio de Joanesburgo. Depois de ver algumas reportagens, deixo meu comentário:

Apesar de todo o sensacionalismo das reportagens endeusando Nelson Mandela (de quem não tiro o mérito. Ora, quem sou eu pra fazer isso?), o exemplo dele está aí pra quem acredita que “uma andorinha só não faz verão”. Será que não? Veja o legado de Mandela e me diga.

Puxo ainda outra reflexão: e então, você vai continuar aí, parado, deixando essas coisas com as quais você não concorda acontecerem bem debaixo do seu nariz ou vai reagir? Isso, caso você não tenha “se acostumado” com elas. Ô, Brasil, eu tenho esperança. Esperança de que as pessoas digam "Pra frente Brasil" não apenas em campeonatos de futebol.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Labuta diária

Destroços, escombros, ruínas, resto.... não, ainda não é isso. Preciso de uma conotação não tão negativa, é só uma reforma, não uma catástrofe. Destroços, destroços... escória, fezes! Nossa, não é isso mesmo! Até que... o dicionário salvou a pátria mais uma vez e achei um sinônimo decente e mais próximo daquele que eu queria: entulho! Isso, bingo! Entulho, é isso mesmo. E enquanto caço palavras pra colocar um pouco de tempero no texto e ele não ficar tão insosso, as pendências só aumentam.
Ó, vida cruel!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Só na Copa

Por que o Brasil para por um jogo de futebol da seleção brasileira e não faz o mesmo com as equipes nacionais de outros esportes? As outras modalidades são desvalorizadas? Ou o futebol que é supervalorizado? Ou os dois? E nós temos seleções destacadíssimas, como a de vôlei masculino, por exemplo, que já perdi as contas de quantas vezes foi campeã. No entanto num Brasil x Rússia de vôlei não há feriado municipal, o comércio não fecha mais cedo, o país não para.

Ainda aproveito a reflexão para questionar por que a maioria de nós só é patriota em época de Copa, e Copa de futebol! Se fosse uma Copa de basquete, de squash ou sei lá o quê, o patriotismo só seria visto nos locais de acontecimento das partidas. Só se estende a bandeira brasileira na janela ou na varanda, só se coloca a bandeirinha no carro, só se veste a camisa com a estampa da nossa bandeira nas Copas de futebol.

Foto acima: www.mundofacil.net. Foto abaixo: cortesdecabeloscurt.blogspot.com.br

Alguém vai me argumentar que isso é cultural. Nessa hora me lembro da professora e filósofa Sandra Helena, ao dizer que nunca escutou Chico Buarque em nenhum paredão de som. Que coisinha mais cultural, hein! E, cultural ou não, meu amigo, o que estou chamando à reflexão é o não patriotismo atemporal. Ou melhor, temporal, pois só ocorre em tempos de Copa.

Queria tanto ver essas bandeiras nos carros, camisas e janelas diariamente. Sem que a mídia endeusasse neymares ou taitianos, sem que fosse preciso haver campeonatos para nos lembrarmos de que é hora de sentir honra, orgulho ou privilégio de ser brasileiros.

Não estou dizendo para que se acabe com a Copa do mundo, o futebol ou assuntos afins. Só estou partilhando algumas questões que me deixam pensativa.

Acho massa sermos o País do futebol, do carnaval, do café. Mas poderíamos ter outros "títulos". Poderíamos ser o país dos cataventos nos altos dos prédios, o país da energia eólica, o país 100% alfabetizado, o país da igualdade social, o país com menores índices de violência ou de taxa de mortalidade infantil. O país dos economistas, quem sabe? O país com maior número de patentes de remédios? O país do trânsito respeitador, o país que exporta diplomatas. Ah, o país premiado e reconhecido mundialmente pelo respeito à natureza, por não cometer crimes ambientais, por viver sabendo preservar. Sei lá... tantos títulos lindos!

Já pensou em sermos mundialmente conhecidos pelos jardins de casas e prédios mais bem cuidados? Ou pelos muros baixos em todos os estabelecimentos, porque a segurança já atinge um ponto que não são necessários muros altos?

Depois da Copa vai tudo para o lixo?
Estou sonhando?! Estou sim. Mas quem disse que é impossível? Os países que chamamos de desenvolvidos, primeiro mundo, não surgiram assim. As civilizações pré-históricas habitaram o globo quando nem o fogo nem a roda existiam.

Então, que é possível, é sim!
Quem vai promover essa mudança? Nós! E não é só fazendo protesto nas ruas não.

Ah, e se o Brasil perder? Acabou a honra de ser brasileiro por isso?
As bandeiras vão para as gavetas e fim?

Marília Pedroza
26 de junho de 2013

domingo, 12 de maio de 2013

Profissão mãe


Arrumando o computador, achei esse texto em momento muito oportuno, o dia das mães. Aproveito para publicá-lo e assim homenagear estas belas mulheres, especialmente a minha mãe - mainha - e minha irmã, mãezonas! Obervação: o texto não é meu e eu não sei de quem é. Tendo dito isto, desejo boa leitura!

QUAL É A SUA PROFISSÃO?
     Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar qual era sua profissão. Ela hesitou, sem saber como se classificar.
     - O que eu pergunto é se tem algum trabalho - insistiu o funcionário.
     - Claro que tenho um trabalho - exclamou Ana - Sou mãe!
     - Nós não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa - disse o funcionário friamente.
     Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era obviamente uma funcionária de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.
     - Qual é a sua ocupação? - perguntou.
     Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simplesmente saltaram-me da boca para fora:
     - Sou doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas.
     A funcionária fez uma pausa, a caneta de tinta permanente a apontar para o ar, e me olhou como quem diz que não ouviu bem. Eu repeti pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Então reparei, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
     - Posso perguntar - disse-me ela com novo interesse - o que faz exatamente?
     - Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:
    - Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isso), em laboratório e no campo experimental (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família) e já recebi quatro projetos (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é em nível de 14 horas por dia (para não dizer 24).
     Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, levantou-se, e pessoalmente abriu-me a porta.
     Quando cheguei em casa, com o título da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com 13 anos, outra com 7 e outra com 3 anos. Do andar de cima, pude ouvir meu novo experimento – um bebê de seis meses – testando uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante!
     Maternidade…  que carreira gloriosa!
   Assim, as avós deviam ser chamadas doutora-sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas, as bisavós doutora-executiva-sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas e as tias doutora-assistente.
     Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, mães, esposas, amigas, companheiras, doutoras na arte de fazer a vida melhor.


Texto: autoria desconhecida
Edição: Marília Pedroza

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Valeu a pena? O quê?

Vídeo para ver, rever e, em seguida, agir. De preferência, “faça o melhor que você puder”, como conclui Ana Cláudia Arantes, geriatra especialista em cuidados paliativos. Seguem alguns comentários dela sobre o livro da enfermeira estadunidense que reuniu os cinco maiores arrependimentos de pacientes terminais:

“Essa é uma das coisas mais bonitas que acontece no fim da vida. A gente perde a nossa capacidade de fingir. (...) Por mais terrível que seja a pessoa, no fim da vida, ela começa a manifestar o que ela tem de bom por dentro. E esse bom por dentro é demonstrar afeto.

Esses cinco arrependimentos são o grande paradigma de um ser humano. Essas escolhas que ele vai fazendo durante a vida que, em algum momento, ele vai ter que parar e olhar pra trás e ver se valeu a pena”.





E aí, vai ficar parado, esperando TUA vida passar?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Teresa


    - Teresa?!
    Escuto lá de baixo. De um primeiro andar, tudo se escuta.
    A voz insiste.
    - Teresa?
    É uma voz de quem chama. Chama por Teresa. Quem será Teresa? Será que ela mora no prédio? Será que ela mora pelo menos nessa rua? Deve ser um bêbado. Nem vou olhar pela janela. É mesmo, a janela. Melhor fechar a janela. Fecho.
    Mas o homem, insistente, continua chamando pela bendita Teresa. E ainda assobia em som de “fio-fio” para a procurada moça. Me impaciento, me levanto. Espreito pela porta da varanda, que estava aberta. Ele me vê. Fico com medo. Droga!, ele me viu. Fecho a cortina da janela que já havia fechado, fecho a porta da varanda, a janela e as cortinas da sala também.
    Ai, meu Deus. Ele está buzinando na campainha de alguém do prédio. Deve mesmo estar bêbado. Será que é um ladrão? A essa altura, os sinais de alerta em meu corpo já estão quase todos ativados. O texto que eu estava escrevendo, antes de perder a concentração, foi definitivamente para o brejo quando o cidadão começou a gritar.
    Da cozinha, às escuras, escuto o portão se abrindo. Alguém o abriu, autorizando assim a passagem do buscador da Teresa. Maldita Teresa que me deixou com medo do homem! A cozinha tem uma janela alta. Pelas frestas, vejo as luzes do corredor se acenderem. Em seguida os sons dos passos, e se aproximam. Tensa, estou muito tensa. Até que minha vizinha de parede abre a porta e, suponho, recepciona o cidadão.
    Aliviada, acabei de descobrir que minha vizinha se chama Teresa.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Neurocientista conta revelações sobre o próprio derrame cerebral

No vídeo abaixo, a neurocientista Jill Bolte Taylor relata de forma humana e técnica, simultaneamente, o derrame cerebral que ela mesma sofreu. Euforia, Terra da Alegria, paz e expansividade são palavras utilizadas no discurso. Para a pesquisadora, podemos acessar essas palavras - sob a guarda do nosso hemisfério cerebral direito - e tudo o mais que elas evocam sempre e quando quisermos.

Durante as reflexões, ela teoriza: "Quem somos nós? Somos a força de vida do universo com destreza manual e duas mentes cognitivas. E temos o poder de escolher, a cada momento, quem e como desejamos ser no mundo". Mentes cognitivas, para Taylor, refere-se a, cada um dos hemisférios com suas personalidades tão distintas. Um mais egoísta, racional e calculista, o esquerdo. O outro mais fluido, conectado a todas as outras formas e fontes de energia exteriores. Ela fala várias outras coisas interessantes e que renderiam extensos debates, pesquisas e conversas de bar.





Recomendo que você deixe seu facebook em segundo plano por 20 minutos, só enquanto assiste a essa mulher. Ela tem conhecimento de causa científico e, mais que isso, real. E, como uma vez um entrevistado me falou, as pessoas que passam pelas situações, que vivem aquilo no dia a dia, sabem tanto ou mais que os teóricos. No caso de Jill Taylor, ela congrega os dois. Além de ter uma retórica fantástica!

Se gostar e quiser ver mais, é só clicar aqui. Se quiser debater, gostaria de muito de ouvir sua opinião sobre as possibilidades de acessar tudo isso que o hemisfério direito reúne, tudo isso que ela descreve de maneira tão fascinada. O que você acha? Como isso seria possível (sem um derrame)? É só escrever.

terça-feira, 12 de março de 2013

Mundo à vista


As pálpebras começando a pesar indicam a chegada do sono. Logo me lembro de retirar as lentes de contato, a invenção do século, pelo menos para mim. Desde que comecei a usar óculos de grau, quando tinha 10 anos, sempre senti falta dos óculos escuros. Até busquei alternativas, porém não deram muito certo. Aos 13, iniciando na então difícil arte de colocar e tirar lentes de contato – a atividade chegou a me custar 10 minutos –, pude voltar a usar os desejados óculos de sol.

No entanto minha vida mudou quando fiz uma cirurgia de correção de miopia e astigmatismo terça-feira passada. A cirurgia refrativa é um procedimento simples, a laser. Foram 15 minutos, no máximo, de operação. No mesmo dia, à noite, eu já podia enxergar formas ao longe – o que era impossível sem auxílio de lentes corretivas. Mainha presenciou quando me emocionei por conseguir ler o número da casa da frente, do outro lado da calçada. Quanta felicidade!

Com o passar dos dias, enxerguei os nomes das ruas, placas urbanas diversas, a linha de ônibus no letreiro luminoso do veículo, as letrinhas nas telas do computador e da televisão e uma infinidade de detalhes que me foram tomados aos 10 anos de idade. Quem não passou pelo mesmo que eu não tem a dimensão do fato de você já acordar enxergando. É realmente mágico abrir os olhos de manhã e ver o mundo com nitidez. Antes, mal me espreguiçava, já esticava o braço para alcançar os óculos. Minutos depois, trocados pelas lentes de contato.

Como o ritual diário de tira e bota de lentes levou uma década da minha curta existência, o costume persiste. O sono chega e me lembro de retirá-las. A partir de agora, no entanto, isso não é mais necessário. Nem colocar, nem tirar, nem limpar, nem evitar piscina ou mar com as benditas nos olhos. Nada disso me pertence mais. Contudo o espanto ainda me faz tardar em acreditar no que meus olhos já comprovam. Por isso, todas as noites e todas as manhãs, lembro-me de tirar e colocar as lentes de contato, que, por tanto tempo, me ajudaram.

Espero que sejam as últimas fotos de óculos por um bom tempo

sábado, 26 de janeiro de 2013

Chuva no sertão


No meio do trabalho, no final do ano passado, uma vontade de escrever. Fui à bolsa atrás de caneta e papel. Cadê o meu caderno? Ah, vai na última página mesmo. O resultado taí:

    "Hoje queria patativar, ver versos brotarem dos botões de flor e de uma gota de orvalho remanescente que só agora cai. Acertou bem na cabeça do sanhaço, que se sacudiu e seguiu sua marcha.
    Queria o sertão, o mato, a zuada da chuva, o sorriso agradecido do matuto porque Deus lhe ouviu as preces. E ele olhando, da janela, a água banhar seu terreno, sua casa, os pés de planta..."

Daí alguém me interrompeu pra perguntar algo e voltei à realidade. Ficou sem final. Mas certamente aquela chuva abençoada também lavou a alma do sertanejo, como eu espero que aconteça agora, nestes tempos de seca. E quando eu disse que queria patativar, é porque queria fazer como o poeta descreveu nesse trecho de Cante lá que eu canto cá:

Canto as fulô e os abróio 
Com todas coisa daqui: 
Pra toda parte que eu óio 
Vejo um verso se bulí. 
Se as vêz andando no vale 
Atrás de curá meus male 
Quero repará pra serra 
Assim que eu óio pra cima, 
Vejo um divule de rima 
Caindo inriba da terra