sábado, 26 de abril de 2014

Educação, por que não na televisão (aberta)?

"É um novo sonho de consumo. A escola particular vem antes da casa própria e do carro novo a partir do momento que a classe C tem algum acesso a consumo. Só não estuda na escola particular quem não pode pagar, ninguém fala que vai pôr o filho na escola pública porque quer', afirma Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular do Estado de São Paulo (Sieesp)".


Tá vendo! As pessoas têm sede de educação independente da classe social a que pertencem. Tirei o trecho acima da reportagem de Luciano Máximo ao Valor econômico "Escola pública perde alunos com alta da renda no país" (na foto acima). Como comunicóloga que sou, lanço meu olhar sobre a mídia brasileira e percebo como ela não cumpre seu papel informativo e educativo, previsto na Constituição de 1988. Trago um trecho do professor Sérgio Mattos¹ para resumir a lei:

A carta de 1988 também fixou normas para a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão. De acordo com o artigo 221, as emissoras devem promover programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, procurando estimular a produção independente, visando a promoção da cultura nacional e regional.

Veja também esta fala de uma das entrevistadas, uma ex-estudante de escola pública: "Fiz amigos legais, mas sempre reclamava para os meus pais: 'Sentia falta de aprender e estudar de verdade'", diz a aluna. Então não me venham dizer que o povão (nem sou muito fã dessa nomenclatura...) quer programação de baixa de qualidade. Eu defendo uma mídia de qualidade, sobretudo televisiva, com muito mais programas conforme previsto na Constituição. Vai dizer que daria não I|BOPE? Essa reportagem do Valor é somente uma prova de que o povo quer educação. Por que não colocar essa educação dentro da televisão?

Sabe o programa Bem estar, da Rede Globo? Avalio-o como um programa educativo de altíssima qualidade. Dinâmico, com informações úteis, com uma maneira interessante de transmitir os conhecimentos, com profissionais de respaldo, além de todo o aparato audiovisual. E pelo tempo que o programa está no ar, acredito que tem dado bons resultados à emissora. Portanto falta de audiência não deveria ser a desculpa para não se cumprir a Constituição.

¹MATTOS, Sérgio. História da televisão brasileira: uma visão econômica, social e política. 2. ed. Petrópolis: Vozes. 2002.

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Meu texto acabava aqui. Mas ao retomar a leitura no Valor econômico, achei esta outra reportagem "Número de assinantes de TV paga cresce 9,5% em 12 meses", o que me leva a questionar por que isso ocorre. Pergunto-me se os assinantes não estariam atrás de educação, informações úteis, conhecimentos especializados, programas de debate... pelo menos os programas de debate comprovei, na restrita pesquisa desenvolvida no meu TCC, que os telespectadores da TV aberta entrevistados queriam mais deles.