quarta-feira, 20 de março de 2013

Neurocientista conta revelações sobre o próprio derrame cerebral

No vídeo abaixo, a neurocientista Jill Bolte Taylor relata de forma humana e técnica, simultaneamente, o derrame cerebral que ela mesma sofreu. Euforia, Terra da Alegria, paz e expansividade são palavras utilizadas no discurso. Para a pesquisadora, podemos acessar essas palavras - sob a guarda do nosso hemisfério cerebral direito - e tudo o mais que elas evocam sempre e quando quisermos.

Durante as reflexões, ela teoriza: "Quem somos nós? Somos a força de vida do universo com destreza manual e duas mentes cognitivas. E temos o poder de escolher, a cada momento, quem e como desejamos ser no mundo". Mentes cognitivas, para Taylor, refere-se a, cada um dos hemisférios com suas personalidades tão distintas. Um mais egoísta, racional e calculista, o esquerdo. O outro mais fluido, conectado a todas as outras formas e fontes de energia exteriores. Ela fala várias outras coisas interessantes e que renderiam extensos debates, pesquisas e conversas de bar.





Recomendo que você deixe seu facebook em segundo plano por 20 minutos, só enquanto assiste a essa mulher. Ela tem conhecimento de causa científico e, mais que isso, real. E, como uma vez um entrevistado me falou, as pessoas que passam pelas situações, que vivem aquilo no dia a dia, sabem tanto ou mais que os teóricos. No caso de Jill Taylor, ela congrega os dois. Além de ter uma retórica fantástica!

Se gostar e quiser ver mais, é só clicar aqui. Se quiser debater, gostaria de muito de ouvir sua opinião sobre as possibilidades de acessar tudo isso que o hemisfério direito reúne, tudo isso que ela descreve de maneira tão fascinada. O que você acha? Como isso seria possível (sem um derrame)? É só escrever.

terça-feira, 12 de março de 2013

Mundo à vista


As pálpebras começando a pesar indicam a chegada do sono. Logo me lembro de retirar as lentes de contato, a invenção do século, pelo menos para mim. Desde que comecei a usar óculos de grau, quando tinha 10 anos, sempre senti falta dos óculos escuros. Até busquei alternativas, porém não deram muito certo. Aos 13, iniciando na então difícil arte de colocar e tirar lentes de contato – a atividade chegou a me custar 10 minutos –, pude voltar a usar os desejados óculos de sol.

No entanto minha vida mudou quando fiz uma cirurgia de correção de miopia e astigmatismo terça-feira passada. A cirurgia refrativa é um procedimento simples, a laser. Foram 15 minutos, no máximo, de operação. No mesmo dia, à noite, eu já podia enxergar formas ao longe – o que era impossível sem auxílio de lentes corretivas. Mainha presenciou quando me emocionei por conseguir ler o número da casa da frente, do outro lado da calçada. Quanta felicidade!

Com o passar dos dias, enxerguei os nomes das ruas, placas urbanas diversas, a linha de ônibus no letreiro luminoso do veículo, as letrinhas nas telas do computador e da televisão e uma infinidade de detalhes que me foram tomados aos 10 anos de idade. Quem não passou pelo mesmo que eu não tem a dimensão do fato de você já acordar enxergando. É realmente mágico abrir os olhos de manhã e ver o mundo com nitidez. Antes, mal me espreguiçava, já esticava o braço para alcançar os óculos. Minutos depois, trocados pelas lentes de contato.

Como o ritual diário de tira e bota de lentes levou uma década da minha curta existência, o costume persiste. O sono chega e me lembro de retirá-las. A partir de agora, no entanto, isso não é mais necessário. Nem colocar, nem tirar, nem limpar, nem evitar piscina ou mar com as benditas nos olhos. Nada disso me pertence mais. Contudo o espanto ainda me faz tardar em acreditar no que meus olhos já comprovam. Por isso, todas as noites e todas as manhãs, lembro-me de tirar e colocar as lentes de contato, que, por tanto tempo, me ajudaram.

Espero que sejam as últimas fotos de óculos por um bom tempo