quinta-feira, 24 de março de 2022

Na biblioteca


Depois de quase dois anos sem postar... bora tirar o mofo desse blog com um texto que escrevi no fim de 2021. Boa leitura!


Na biblioteca
Um dia sentada no boy. No outro, sentada na cadeira da biblioteca lendo em outros idiomas. Em ambos têm línguas, com a diferença de que só em um tem língua estrangeira. (Padrão de qualidade nacional 👌🏻)

Um dia fazendo amor com um quase desconhecido. Sexozinho de leve com muito sabor. No outro, namorando o texto base da dissertação.

E assim caminha a humanidade.

Se não for pra ser assim, conectades, sem pressa, descobrindo um ao outro, de leve, com muito sabor, eu nem vou.


Marília Pedroza 
06.12.2021 

terça-feira, 21 de abril de 2020

Gengibre, limão, mel e cachaça

Lembro de você muito mais do que eu gostaria atualmente de lembrar.
Tô aqui de boas, às vezes no meio do dia, e você se materializa nos meus pensamentos.
É... esquisito, surreal? Nem tenho os adjetivos certos pra descrever essa situação.

Só sei que me acontece. Uns dias mais, outros menos. Às vezes tem de fato um gatilho, alguém que comenta algo ou uma notícia que vejo que me lembra você ou seu trabalho ou algo relacionado a você.

Me acontece de lembrar de você, de sua casa, seus animais, as músicas, a decoração, a vista, os chamegos, você.

Curioso que, em geral, você lembra de mais coisas dos anos anteriores do que eu.
Desse ano [2020], eu lembro bem, lembro muito, de detalhes.

Você falando da TV que tentou consertar, do trabalho, que canto bem. As estrelas (ah, as estrelas!), os forrós, o drone, o carro, o violão, a estante, os petiscos no bar querido, o gato embaixo da mesa, o por do sol com paçoca e feijão verde, as cachorras, a barba, o suor, o sorriso, o sotaque, o ritmo e o jeito de falar, a família, os cachorros latindo, as estrelas de novo.

A gaita, o sanduíche, a outra casa, a piscina, as pessoas naquela noite, a brincadeira de mímica, a gente dividindo a cadeira, o shot de gengibre, limão, mel e cachaça e tantos outros detalhes.

Tantos anos. Seu pai, minha mãe, uma praça, um shopping, um cinema, uma feira. Tantos anos. Duas cidades. Muitos anos. Poucos dias. O suficiente pra me bagunçar todinha.

. . .

E eu não vou perguntar oh where, oh where can my baby be?, porque eu sei onde você está. Você lá e eu cá. Cá lembrando você, cá pensando você, cá sentindo. Cá eu, lá você.

. . .

Ah, eu saí do carro sim mais felizinha. Bem mais. Indescritivelmente mais, todos os dias.

Postal de "Lágrimas de São Pedro", instalação de Vinícius S. A., que esteve na Caixa Cultural Fortaleza de 21 de março a 06 de maio de 2018.


Marília Pedroza
Abril de 2020

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Deliração

Deliração. Derivação.
Inevitável olhar pra tua boca.
Você veio 💜
Eu deliro enquanto você fala. Agradeço internamente por você e por você ter vindo. Ainda mais hoje, ainda mais naquela hora. Me alegro, marejo os olhos, me sinto querida. Aos poucos me concentro na conversa.
Não entendo tudo. Mas não queria interromper com perguntas. Adoro quem me explica as coisas. Você me explica. Sou grata. E ainda mais grata por você ter falado mais, assim não falei tanto de mim, não foquei a percepção nas dores que tenho sentido nem no meu descuidado comigo mesma.

Marília Pedroza, 05.04.2019.

Florescer uma bem querença sem fim

Na minha rede você se deitou
Muito carinho te dei
E muita mágoa se acabou

Naquele balanço acalmador
Dos casais que fazem as pazes
Nós ficamos agarradinhos
Ao som de um xote de Dominguinhos

Ah, meu nêgo,
Como é bom ter você aqui
Pra gente se amar
E ver a chuva cair

A chuva faz florescer
O broto de jasmim
Floresce também em nós
Uma bem querença sem fim

Não tem medida pro perdão
Nem medida pro amor
Ô coisa boa é fazer as pazes
E preencher a vida de cor

Vem comigo, meu preto
Desbravar e ganhar o mundo
E assim nosso amor vai ser
Cada vez mais fecundo.

Marília Pedroza, 23.09.2017

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Um poema para Victor

Quero fazer amor
Quero fazer amor contigo
Quero fazer amor contigo na minha cama
Quero fazer amor contigo na minha cama ao som de John Mayer

Pele com pele, conexão
Respiração
Toque, sentimento, sensação

Quero fazer sexo também, transar...
Mas quero, sobretudo, fazer amor
Contigo
Na minha cama
Ao som de John Mayer


Marília Pedroza
01.02.2018

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Sementes do Batuque 2018

Quero guardar esse momento, com suas músicas de samba de roda, as palmas, o puxador, o coro, os sons dos pés arrastando no chão, os gritos felizes, as gargalhadas e também os sons dos tambores e dos pandeiros.

Foto: Paulo Sousa

20 pessoas? 30, 40... Uns na roda de samba, outros na piscina, uns ao redor dela. Outros conversando espalhados pela casa e eu aqui escrevendo, guardando essa vivência nesse gesto milenar de registrar com grafismos.

Mestre Messias, Mestre Simpatia, Mestre Lula, Mestra Carla, Mestra Janaína, Mestre Magnata, Mestra Paula Zumba; Mestre Paiacã esteve conosco também. E alguns contramestres, professores, instrutores e alunos de capoeira.


Foto: Paulo Sousa

E as luzes reluzindo na água da piscina, do meu lado.

Duas crianças perto da dúzia (ou mais) de tambores. Um tocando, o menor, batendo no djembe. O maior, oito anos, no máximo, já batucou no pandeiro e em três tambores, pelo menos, que minha vista deu de conta.

Estar aqui vivendo tudo isso é maravilhoso! Maravilhoso, impagável, libertador, engrandecedor. É um momento de me encontrar com o que tem de melhor dentro de mim, me encontrar com os meus, com outros caminhantes que trilham por caminhos que também trilho, que quero trilhar, que escolho trilhar. Faltam palavras pra falar de tudo isso. Mesmo faltando, quero escrever sobre isso, registrar minimamente. Sou eu, faz parte de mim esse negócio de juntar as coisas vividas com a palavra escrita.

Oficina de jongo com Mestre Messias Freitas. Foto: Paulo Sousa

Pois bem, cá estou. E ninguém me julga por eu estar um pouco afastada, fazendo algo diferente de todos. Ninguém vem até mim me sugerir/mandar me juntar ao grupo. Tá tudo certo. Cada um curte ao seu modo e tá tudo certo. Isso é lindo!

Outra coisa que chama minha atenção demais: aqui não se usa CD, pen drive, computador, músicas no tablete. Aqui as músicas são todas ao vivo. O pessoal se revezando livremente nos pandeiros e nos tambores, puxando os cantos, respondendo e batendo palma. Da mesma forma, sambando livremente. 
Pra onde quiserem, levam os instrumentos e fazem a festa.

Oficina de produção de música com Mestre Ricardo Nascimento. Foto: Paulo Sousa

Isso tudo tem uma energia, uma força, uma plenitude!!! 
Ahh... coração leve, grato e feliz de estar aqui. Quero mais disso!
Viva a ancestralidade! Viva a capoeira! Viva a dança! Viva quem veio antes de mim tornando tudo isso possível.

Gratidão! Foto: Paulo Sousa


Marília Pedroza
Sítio Recanto das Palmeiras, Caucaia, Ceará, 16 de junho de 2018
Sementes do Batuque 2018