quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Futuro da nação (só isso!)

Oi, pessoal.

Semana passada aconteceram duas coisas que me chamaram atenção:
1) Lanchei na loja de conveniência de um posto de gasolina e descobri que o frentista tem carro.
2) A zeladora chegou à cafeteria da faculdade, pediu um café, pegou o jornal, sentou-se e tomou sua bebida enquanto lia.

Fatos simples e que poderiam passar despercebidos. Mas não a mim. Gente, eu estou na Espanha mas eu venho do Brasil. Quando é, no Brasil, que o frentista ia ter carro? Quando é, no Brasil, que a servente ia sentar nas mesmas mesas que os alunos? Nunca! Pelo menos não nos tempos atuais. Porém mudanças são sempre bem-vindas. É fato que pode ser duro no começo, no entanto mudança sempre tem um lado bom. Um no mínimo.
Mas voltando pra servente... gente, achei o máximo ver aquela mulher fazer aquilo! O que eu tenho a mais que aquela servente não tem? Nadinha. Ela é gente como eu. Mas só na Europa. No Brasil, fazemos questão de deixar o preconceito bem claro e reforçar a exclusão: há locais reservados para os funcionários. Ok, isso é também uma questão de organização. Ótimo.

Vamos então a uma comparação mais palpável. Universidade de Fortaleza (Unifor) e Universidade de Santiago de Compostela (USC), realidades que conheço de perto. É como se a Val, por exemplo, a vendedora da Top's, pedisse um café pra tomar enquanto lê o jornal e se sentasse no CC (Centro de convivência, é a praça de alimentação da Unifor) pra fazer isso. Primeiro que na Unifor não tem jornal em nenhuma das lanchonetes. Só o Jornal do Campus (que é interno), mas de 15 em 15 dias, conforme a periodicidade dele. Bom, isso é um costume daqui também, ter os jornais nas cafeterias. Mas voltando pra servente...

Eu gosto muito da Unifor, tem uma estrutura imensa, várias vezes vi os funcionários conversando nos banquinhos. Mas é que aqui, eles sentam onde a gente senta, cara! E isso é surreal e era pra ser assim em todos os lugares porque todos somos iguais. Comentei isso com um amigo brasileiro que já mora aqui a mais tempo e ele acrescentou: "E você pode sentar lá pra conversar sobre política com ela que ela vai conversar. E é feliz com a profissão que tem. Não quer mudar não".

É um padrão de vida diferente. É um modo de viver que valoriza cada pessoa. Você limpa os cômodos da faculdade?, pois você é igual a mim e faz o seu trabalho e tem os mesmos direitos que eu. Você não é menor ou pior do que eu. É igual. É por isso que comer fora é tão caro. Não só comer fora, mas tudo que leva o serviço, a mão de obra humana. Porque essa mão de obra é valorizada. Daí o consumidor tem que pagar por esse comodismo de ter alguém pra fazer por você.

Ai, gente, desculpa. Eu até tento fazer postes pequenos. Mas não dá! Eu quero escrever pra vocês verem como é aqui porque eu desejo muito que seja assim também no Brasil. E nós somos o futuro da nação. Aprendi isso com meu professor de história da 6ª série, Marcus Ponte. Nós somos o futuro da nação. Parece conversa fiada mas não é nem de longe! Nós somos o futuro da nação. Nós, que estamos estudando agora e seremos as autoridades do futuro. O chefe do hospital, o deputado, a promotora, o editor chefe, a executiva, o dono da fábrica, a professora. É, somos nós MESMO. E aí, que é que você tá fazendo pro futuro da nação? Tá estudando pelo menos, pra ser um profissional de vergonha, de respeito? Medíocres têm aos montes. Mas os que fazem a diferença, esses são poucos. Porém são os que põem pra frente, os que arriscam, os que trazem as mudanças, as inovações, os que não se deixam sucumbir...

Acabei nem falando do frentista. Mas vocês entenderam que a realidade aqui é diferente. Aqui cada um tem a sua vez. Por que não pode ser assim no Brasil? Eu vou fazer alguma coisa pra que a realidade mude. Eu vou fazer a diferença. E você? Essa situação nem te incomoda? Não é culpa sua, você foi criado assim, sem uma educação voltada pro coletivo. E não é algo que se mude da noite pro dia. Só te digo uma coisa: saia da sua zona de conforto individualista e trate de olhar pra quem está a sua volta. Você não é uma ilha. Tem gente passando fome do seu lado. Apelei? Exagerei? Tem servente deprimido com a merreca que ganha porque não sabe mais o que fazer pra não atrasar o aluguel do teu lado. E o que é que você tem a ver com isso? Você é o futuro da nação. Só isso.

4 comentários:

  1. Antes de me criticar, veja o lado bom: só porque o Brasil É assim, não siginifica que SERÁ assim pra sempre. Podemos olhar pra Espanha como um exemplo e nos espelhar nas coisas boas daqui.

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  2. Mariiilia, adorei demais o texto. Voce escreve MUITO bem e pensa melhor ainda. Eu acredito mesmo que nós somos o futuro da naçao e, por isso, eu tento fazer a diferença. E farei junto com você =D

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  3. Olhaí uma pessoa que concorda comigo! =D Pois vamos fazer diferente com o pouco que pudermos. Já valerá. P.s.: grata pelos elogios. Sou definitivamente apaixonada por escrever!

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