segunda-feira, 1 de abril de 2013

Teresa


    - Teresa?!
    Escuto lá de baixo. De um primeiro andar, tudo se escuta.
    A voz insiste.
    - Teresa?
    É uma voz de quem chama. Chama por Teresa. Quem será Teresa? Será que ela mora no prédio? Será que ela mora pelo menos nessa rua? Deve ser um bêbado. Nem vou olhar pela janela. É mesmo, a janela. Melhor fechar a janela. Fecho.
    Mas o homem, insistente, continua chamando pela bendita Teresa. E ainda assobia em som de “fio-fio” para a procurada moça. Me impaciento, me levanto. Espreito pela porta da varanda, que estava aberta. Ele me vê. Fico com medo. Droga!, ele me viu. Fecho a cortina da janela que já havia fechado, fecho a porta da varanda, a janela e as cortinas da sala também.
    Ai, meu Deus. Ele está buzinando na campainha de alguém do prédio. Deve mesmo estar bêbado. Será que é um ladrão? A essa altura, os sinais de alerta em meu corpo já estão quase todos ativados. O texto que eu estava escrevendo, antes de perder a concentração, foi definitivamente para o brejo quando o cidadão começou a gritar.
    Da cozinha, às escuras, escuto o portão se abrindo. Alguém o abriu, autorizando assim a passagem do buscador da Teresa. Maldita Teresa que me deixou com medo do homem! A cozinha tem uma janela alta. Pelas frestas, vejo as luzes do corredor se acenderem. Em seguida os sons dos passos, e se aproximam. Tensa, estou muito tensa. Até que minha vizinha de parede abre a porta e, suponho, recepciona o cidadão.
    Aliviada, acabei de descobrir que minha vizinha se chama Teresa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário