terça-feira, 20 de julho de 2010

Pequenas ações

Era uma vez um menino.
Era uma vez uma menina.
O menino e a menina se conheceram na escola, no primeiro dia de aula. Ele tinha 10 anos, ela 9. Eles chegaram à sala, ele olhou pra ela, ela olhou pra ele... e ficou nisso. Mas no dia de fazer o primeiro trabalho em grupo, eles ficaram no mesmo grupo.
A partir daí começaram a se falar, o menino passou a frequentar a casa da menina, conheceu os pais dela e o problema deles. Ou melhor, dele. O pai da menina sofria com o alcoolismo. E ela sofria por tabela, porque quando bebia, o pai perdia certas noções que não deveria perder, como a noção do ridículo e a do bom senso. O menino, então, percebeu porque a menina era tão calada, tão quietinha. E quis ajudá-la. Mas o que fazer aos 10 anos com um pai alcoólatra que nem mesmo era o seu? O menino não sabia, ele não tinha que pensar em soluções, porque não tinha problemas como esse em sua família.
Então ele resolveu se aproximar mais da menina, pra que ela falasse e ele conhecesse o problema de perto. E quanto mais eles se aproximavam e quanto mais ela falava, mais ele percebia o sofrimento dela, e menos sabia o que fazer.
Nisso, chegou a semana santa e ele a chamou pra passar uma tarde na casa dele brincando com os primos e primas dele que chegariam do interior pra aproveitar o feriado na capital. Isso tudo pra tentar fazer com que ela se divertisse e saísse daquela quietude que a ele intrigava.
E ela foi. Sua mãe deixou com a condição de que voltasse pra casa cedo, logo que o sol sumisse do céu. E ela foi e conheceu os primos do menino e brincou de boneca com as primas dele e fez comidinha para todos e riu bastante quando o menino caiu sentado ao pisar numa bola deixada no chão. Ela se divertiu à beça! E o menino, de quebra, ficou muito feliz com isso.
Ele, que queria salvá-la daquela vida triste, mas não sabia o que fazer, já fazia muito, mesmo sem o saber.

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